domingo, 18 de outubro de 2009

Morro do Grajaú



Quando eu tinha 16 ou 17 anos estava no Rio e ao olhar a noite para uma favela no bairro do Grajaú vi uma imagem que me tocou, os pontos de luz das estrelas se confundiam com os das luzes dos barracos e o negrume da floresta e do céu compunham uma única tela. Foi dai que escrevi este poema, que abaixo reproduzo.



Pequenos pontos sobre o chão
Como redomas estelares aos olhos vãos
- que em verdade nada vêem -
Se apresentam gotas em rubro solo.


Ninfa de morros ingênuos, apenas nús
As candeias ímpetas a sobreviver aos ventos
Não vejo, em suma, tento
Porque as luzes escondem verdades
Também poisadas de barro seco.

Vê-se inumeras luzes, mas não são defeitos
Por que não tocam.

E atravessando a esquiva guia
acima de nós existe vida
tratadas como esquife
ao por de um dia.


O morro guarda carne perdida
E as calçadas também.
Por Luiz Marcos Ferreira Jr.

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