sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Fuga

"Em ver que o vai e vem pode ser eterno
Pra ver quem manda
Acho que não vai dar...tô cansado demais
Vou ver a vida a pé"

Mais tarde - Marcelo Camelo

Arrumo minhas malas e digo-lhe: “adeus”. Até uma outra hora, um outro dia ensolarado
Levo comigo algumas palavras, a mala cheia de vontades e o rosto dela no retrato
Saio sem olhar pra trás, escondendo o aperto no meu peito e exibindo meu falso descaso

Sorrio como poucos, mostro-me contente, inquebrável em meus passos
Mas quem me vê de perto sabe que algo está faltando, que estou em pedaços
Falta um pedaço que já é dela, mesmo sem toque, sem beijos e abraços

Engulo as lágrimas e sigo em busca de mim, do pouco que não deixei com ela
Nas fotos avulsas, nas palavras casuais, nas expectativas mais belas
Deixei sempre um pedaço de mim, na esperança de fazer-me um pouco dela

Saio um pouco sem rumo, tropeço na calçada, fico imóvel por um instante
E tento entender como ela se fez tão admirável. Esteve tão perto e...tão distante
Olho pra trás e ainda a vejo de relance...linda, minha, deslumbrante

Envolvo-me em impulsos de voltar correndo, de dizer que sou dela, independente do momento
Mas alojo-me na casa ao lado, onde a mantenho por perto, escuto seus movimentos
E deixo a vida fazer a parte dela com o melhor dos remédios: o tempo.

Por Guto Seguin