quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ausência azul


Menininha do meu coração
Eu só quero você a três palmos do chão
Menininha não cresça mais não
Fique pequenininha na minha canção


Valsa para uma menininha - Vinícius e Toquinho




Olho pro presente que ela me deu e lembro do tempo que perdi
Lembro dos momentos, da voz dela, do sentimento que fala mais alto em meu ser
Procurando reviver os “passados” e já sofrendo pelos “futuros” que ainda deixarei de ter

Seus olhos azuis são muito mais do que o mar, o ar, a esperança
São íris que, com tanta distância, de saudade invadem o meu penar
Por isso espero voltar em breve, acabar com o que me machuca, ter de volta aquele olhar

Como duas esferas azuis conseguem explicar o que sou e o que busco ser?
Na presença delas, o chão concretiza-se, o caminho aparece sem querer. Milagre!
Sigo forte não por mim, mas por ela, na certeza de que a casa está por perto. Só ela sabe.

Conto os dias, os presentes e passados, as letras que desmancham o meu coração
Quero estar lá, com ela, mergulhar no lago azul, de fala calma, de voz serena
Enquanto coloco o sorriso no rosto, discreto, tentando apagar a ausência que tornou minha alma pequena

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Companheira

Cuida do teu
Pra que ninguém te jogue no chão
Procure dividir-se em alguém
Procure-me em qualquer confusão

Adeus você – Los Hermanos





Ando sempre acompanhado. Em qualquer lugar que vou, tenho-a sempre a me dar as mãos. É complacente, companheira, nunca me abandona.

Nas tardes ensolaradas, ela me acompanha, conversa, alivia um pouco o cansaço da espera. Nos dias chuvosos e nublados, ela entende o meu isolamento, e, mesmo ao meu lado, cala-se, consente em também ficar pensativa.

No quarto, ela sempre me espera. Está sempre disposta a uma boa conversa, a uma intensa troca de olhares. Faço carícias e sinto que a recíproca é confortante, agradável. Suas mãos são leves, parecem feitas de pluma.

Porém, como toda relação, também há um desgaste, um certo cansaço natural. Por vezes, também me canso. Atiro-me porta afora e busco uma saída em outros braços. Mas não consigo deixá-la de lado, ou pelo menos não tenho conseguido. Comovo-me logo com a sua tristeza, com a falta que eu sei que está sentindo de mim. E volto.

Volto correndo. Sem estar feliz, é verdade, mas volto mesmo assim. Encontro-a cabisbaixa, pensativa, como em muitas outras vezes eu também me vi. E compreendo a sua espera, sua tristeza, sua vontade de me ver. Sento ao seu lado e começo a relatar o que fiz enquanto estava longe.

Não preciso pedir desculpas, arrepender-me, entregar flores. Apenas a compreendo e sinto que ao seu lado eu sou feliz, satisfeito talvez, ou acomodado. Derramo lágrimas internas e sinto-me de novo em casa.

Não posso negar, devo a ela muita coisa, pois muito do que sou e do que construo por esses dias passa pelo seu crítico olhar.


O nome dela? Solidão.


Por Guto Seguin

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Inquietude

"Tudo em volta parece tão quieto
Tudo em volta não parece perto
Toda volta parece o mais certo
Certo é estar perto sem estar"

Perto de Você - O Teatro Mágico




Vejo nela a paz que preciso
Já a tive, deixei passar, não atentei ao seu sorriso
E agora volto, assim, de repente, a pedir-lhe um abrigo

Pretensioso ou não, aceito sua resposta, encaro como perda ou perdão
Tentando com ela uma nova aposta, um “sim”, um “não”
E encarando de frente o que me motiva, o brilho que vem dela, um novo chão

Minhas palavras não podem machucá-la, não podem fazer disso um muro
É a única arma que tenho, que uso e “desuso”
Tentando provar que é pra ela o novo foco, o caminho da volta, seu novo turno

Guardo as palavras para um momento oportuno, quando enxergá-la por aqui, bem perto
Querendo tê-la ao meu lado, de mãos vazias, num dia incerto
E vendo nela, sem medo, a menina que, de fato, tornou-me o que sou, inquieto.

Por Guto Seguin