terça-feira, 30 de março de 2010

Tempo

"...e avisa que eu só vou chegar no último vagão..."
Além do que se vê - Los Hermanos


Guardo as palavras que não posso dizer hoje
Deixo-as no ar, bem leves, escritas em mim
Na espera de soltá-las logo, de abrir o cofre, de ouvir outro “sim”

Não conheço os caminhos, não fiz por merecê-los, não aprendi a lição
Mas sei do que guardo, da espera que me consome, da ansiedade sem fim
E espero calado a volta dela, o brilho nos olhos, a razão de eu ser assim

Sei que corro o risco da demora, da não resposta, do tempo que não explica o porquê
E ela pode entrar na via oposta, acreditar que não a quero, decretar outro caminho
Enquanto aguardo como uma estátua, esquecendo-me de mim, deixando-me sozinho

Mas a chegada já tem data marcada, o tempo está ao lado, a espera é fértil
Aproveito, então, para passar as roupas, perfumar o quarto, deixar-me pronto
Querendo vê-la cada vez mais linda, dona do que fiz, do que guardo e do que escondo

Por Guto Seguin

3 comentários:

  1. O tempo, né rapaz? Nada tão ruim como ter que esperar ele passar, nada mais saitsfatório do que obter aquela resposta que só ele poderia trazer... Bonito o texto! Parabéns!

    Abraços

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Tempo, tempo, tempo...compositor de destinos...o agir foi render-se a ele, na espera de uma saída. Deborah

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